Muito antes de conhecer a comunidade da sedução, eu entrei em contato com a obra de Nessahan Alita, um brasileiro anônimo que escreveu um livro notável intitulado Como Lidar com as Mulheres, no qual ele, assim como eu, rejeita toda forma de manipulação usada contra as mulheres, mas em compensação ensina o homem a se proteger da manipulação e dos jogos emocionais perpetrados pela maioria delas, ou pelas que ele chama de “espertinhas”. Ele inicia assim o introito de sua obra:
Neste trabalho retratarei o lado negativo, a face obscura e destruidora do feminino, a qual infelizmente corresponde nos decadentes dias atuais a uma boa parte das mulheres existentes. Não abordarei seu lado divino e celestial, o qual é igualmente verdadeiro, mas apenas o aspecto negativo, o qual deve ser vencido para que a mulher nos entregue voluntariamente as chaves do paraíso. Somente por uma questão de foco, apenas esse lado estará sendo criticado. (grifo meu)
Lembro-me de que a lucidez e a elegância da prosa de Nessahan Alita chamaram-me a atenção na época em que eu o li, em 2012. Era de fato um escrito de uma alma nobre, com o sabor pessimista que normalmente encontramos em pensadores profundos, especialmente naqueles afeiçoados a Arthur Schopenhauer, como é o caso de Nessahan. Os filósofos em geral já possuem uma costumeira atmosfera pessimista e melancólica em seus escritos: mais ainda esse alemão, que é considerado pessimista entre os pessimistas. Há muitas passagens suas em que comenta sobre o lado negro do sexo feminino, das quais não citarei todas, por serem muitas, mas indicarei o livro onde se encontram reunidas.
Quando eu terminei de ler Nessahan Alita, já tendo lido a opinião de Schopenhauer acerca das mulheres, eu entrei num processo de luto, porque fiquei sobremodo desiludido daquela fantasia que a mídia e a sociedade haviam inculcado na minha cabeça. A mulher não era apenas aquele ser amável, belo e piedoso; muito pelo contrário. Sua amabilidade era condicional, sua piedade era impassível, e sua beleza, enganadora. Eu era muito romântico, e pensar que eu não iria viver aquele romance com que fantasiava havia me criado uma desilusão terrível. Demorei anos para superar aquele desgosto.
Por superar eu quero dizer entender e aceitar. Antes de aceitar, portanto, eu busquei entender. Continuei lendo e me instruindo acerca da natureza feminina, porém focando em seu lado negativo, porque o positivo sempre me foi dado conhecer. Na verdade, tudo parecia conspirar para que os homens apenas conhecessem esse lado. Então foi natural que eu focasse naquilo que ainda era oculto para mim. Sem conhecer o lado obscuro das mulheres e aceitá-lo tão placidamente quanto eu aceitava o seu lado divino, eu jamais poderia amar as mulheres na íntegra. Ou você as ama por inteiro ou não as ama de modo algum.
Os grandes eruditos da humanidade, por conhecerem muito mais facilmente o lado obscuro das mulheres, em razão de sua inteligência e sensibilidade superiores, sempre cuidaram por alertar os homens acerca desse aspecto da natureza feminina, desde os sábios antigos até os filósofos modernos. Salomão, por exemplo, dizia: E descobri que a mulher é mais amarga do que a morte, pois ela é armadilha, seu coração é rede e seus braços, cadeias. Quem agrada a Deus dela escapa, mas o pecador a ela se prende (Eclesiastes, 7-27).
Arthur Schopenhauer, por sua vez, foi um dos mais implacáveis comentadores da natureza feminina. As seguintes citações foram retiradas do livro A Arte de Insultar, da editora Martins Fontes. Sobre mentira e fingimento, diz ele: Como a sépia, a mulher gosta de se envolver no fingimento e de nadar na mentira. E mais adiante, no mesmo assunto: Talvez seja impossível haver uma mulher totalmente sincera e autêntica. E justamente pelo fato de elas terem tanta facilidade para descobrir o fingimento alheio não é aconselhável tentar fingir com elas. Essa ideia, aliás, é um reforço pragmático à honestidade, para aqueles que sem um motivo prático não seriam honestos com as mulheres.
Não levei em conta a mulher e os filhos como parte do que um homem possui, pois, ao contrário, é ele quem será posse destes. Essa passagem vem muito a calhar quanto ao que eu falei acima sobre a liberdade de não possuir. Entretanto, a ideia desse trecho é que, enquanto tudo faz parecer que o homem de família possui sua esposa e seus filhos, na verdade é ele que é possuído, pois trabalha para sustentá-los e vive somente em função deles – uma ideia popular entre os hoje chamados MGTOW e que encontra respaldo na obra de Esther Vilar, dos quais falarei mais adiante. Quanto a mim, diria que esse não é necessariamente o caso de todos os homens que se casam e constituem família.
Sobre as mulheres preferirem os maus:
A falta de inteligência não prejudica as mulheres: ao contrário, a inteligência em demasia ou até mesmo a genialidade poderia causar-lhes o efeito desfavorável de uma anormalidade. É por isso que se vê com frequência um sujeito feio, estúpido e grosseiro ter mais sucesso com as mulheres do que um homem culto, inteligente e amável.
Sobre este trecho é interessante comentar que essa falta de inteligência a que ele se refere diz respeito ao campo da razão, o qual exige uma capacidade para a objetividade e a impessoalidade, coisa em que as mulheres em geral não são tão boas quanto os homens. Contudo, tem me chamado a atenção a superioridade feminina no aspecto intuitivo da inteligência, na que se poderia chamar de competência emocional, isto é, na capacidade de lidar com as próprias emoções e de captar as emoções dos outros, campo no qual as mulheres sobrepujam os homens, como Nessahan Alita[1] e Schopenhauer mesmo admitiram.
Acredito que a falta dessa distinção é que tenha feito muitos dizerem que as mulheres são mais inteligentes que os homens e outros dizerem que elas são menos inteligentes. Na verdade, os homens costumam ser superiores no intelecto, e as mulheres, na intuição.
H. L. Mencken, jornalista do século XX, famosíssimo por seus artigos ácidos que a nenhum grupo perdoavam, também reconhecia às mulheres uma competência emocional superior, embora o tenha dito com outras palavras:
As companheiras do homem, mesmo que mostrem respeito por seus méritos ou autoridade, sempre o veem como um jumento, e com uma sensação próxima da piedade. O que ele diz ou faz, por mais brilhante, raramente as engana; elas veem o homem como ele é por dentro e o consideram um sujeito oco e patético. Neste fato, talvez resida uma das melhores provas da inteligência feminina ou, como diz o lugar-comum, da intuição feminina. As características dessa assim chamada intuição são simplesmente uma aguda e acurada percepção da realidade, uma imunidade natural ao encantamento emocional e uma incansável capacidade para distinguir claramente entre a aparência e a substância.[2]
No último parágrafo desse texto genial que, a meu juízo, também possui largas doses de ironia, ele manda esta: Aparentemente ilógicas, elas detêm uma superlógica rara e sutil. [...] Aparentemente pouco observadoras e fáceis de tapear, elas enxergam tudo, com olhos brilhantes e demoníacos.
Giacomo Casanova, o maior sedutor de todos os tempos, tendo colecionado mais de um cento de mulheres no século XVIII, pensava no mesmo sentido:
Em uma mulher, a erudição fica deslocada; compromete as qualidades essenciais de seu sexo; e também, aliás, nunca vai além dos limites do que já é sabido. Nenhuma descoberta científica jamais foi feita por uma mulher. Ir além exige um vigor que a mulher não pode ter. Mas no raciocínio simples e na delicadeza de sentimentos, devemos nos render às mulheres.[3]
Por estar sempre à frente do homem no que diz respeito a questões emocionais, é muito fácil para a mulher dominá-lo e controlá-lo, usando para isso as carências sexuais e afetivas dele.[4] A única forma de impedir que isso aconteça é o homem tendo mais equilíbrio e desapego emocional que as suas parceiras. Sobre isso vale citar um aforismo de Nietzsche, outro que, assim como Schopenhauer, destilou amargas verdades sobre o lado negro do sexo feminino: Quando o amor e o ódio não estão em jogo, a mulher joga de maneira medíocre.[5]
Eu poderia citar outras passagens de filósofos e eruditos condenando certos caracteres da mulher em geral, mas não convém que eu o faça aqui, já que minha intenção maior é fazê-lo amar as mulheres e não odiá-las. Além do mais, creio que seja insalubre para o espírito focar naquilo que um ser possui de pior.
Elas de fato possuem certas características que não são necessariamente dignas de aplauso. Por exemplo: assuntos complexos e elevados enfadam-nas profundamente. Até mesmo num boteco de esquina podemos encontrar homens discutindo algum assunto de maior importância e universalidade, ainda que com rudeza, mas entre mulheres nunca as vemos discutir senão sobre outras pessoas ou futilidades. E, quando discutem outros assuntos, não conseguem discordar sem tomar raiva uma da outra. Para as mulheres, toda discussão é pessoal. Por isso é importante nunca discutir com elas, exceto em casos especiais. Conheço mulheres maduras o bastante para ouvir opiniões controversas e manter a amizade ou a estima por seu emissor, mas isso depende de outros fatores. Para que seja seguro fazer isso, é preciso que a mulher seja madura, que o sujeito saiba se expressar sem se envolver emocionalmente e que ambos tenham alguma intimidade.
Do contrário, não subestime a capacidade da mulher de considerar qualquer discordância intelectual como um ataque pessoal. Quando eu fazia faculdade, ainda no primeiro período, eu tentei elucidar o fato de as mulheres em geral ganharem menos que os homens, dizendo que isso não ocorria em razão do machismo, mas sim porque as mulheres em geral também produzem menos que os homens.[6] Ter dito isso, ainda que com argumentos irrefutáveis, angariou para mim o ódio de uma coletividade de mulheres que durou até o fim da faculdade. Eu nunca cheguei a conhecer a maioria das garotas que falavam mal de mim me acusando de machismo (seja lá o que isso queira dizer). Na verdade, eu era incônscio dessa hostilidade, a qual eu até sentia, mas cuja origem eu não sabia identificar, até porque as garotas mais legais e mais bonitas da turma falavam comigo e gostavam de mim. Só depois de conclusa a graduação é que, por acaso, eu fui descobrir que era malquisto de garotas de diversas turmas e de professoras por causa ainda daquela discussão no primeiro período.
Outra característica que observei nas mulheres é a sua necessidade de estar sempre de acordo com a opinião predominante. Isso deriva da sua necessidade natural de integrar-se e ser aceita no grupo. É dificílimo encontrar uma mulher que nade contra a correnteza, defendendo ideias impopulares. Elas sempre defenderão opiniões e ideias com alto grau de validação social, sejam essas ideias de natureza político-ideológica, sejam de qualquer outra natureza. Um amigo meu certa vez me disse, muito argutamente, que, se o Eixo tivesse ganhado a Segunda Guerra Mundial, Hillary Clinton seria uma supremacista branca.
Quando os nazistas invadiram a Polônia, as polonesas os receberam calorosamente, pois eles eram então o novo poder. No Brasil, para dar outro exemplo político, foi fácil observar que, desde sempre, só se viam homens apoiando Jair Bolsonaro. Quando este realmente começou a despontar, várias mulheres passaram a apoiá-lo também, embora ainda haja uma grande quantidade de mulheres que o odeiem e tenham o condicionamento pavloviano de fazer uma careta quando ouvem seu nome. Nesse sentido, as mulheres são bastante flexíveis. É uma característica delas, não um defeito.
Sobre as mulheres preferirem homens maus, acredito que isso seja mal compreendido. Elas não preferem homens maus per se. Elas preferem homens seguros e decididos, e sucede que muitos homens maus parecem seguros e decididos, o que, aí sim, lhes causa atração. Claro, algumas podem apreciar a maldade também, mas essas são doentes.
Da mesma forma, a mulher não despreza homens bons, ela despreza homens bonzinhos, isto é, aqueles que passam uma imagem de inofensivos e complacentes, e ela está certa de fazê-lo, pois essa postura denota um homem fraco e inconfiável. A prova de que não é a bondade, e sim a fraqueza, que afasta as mulheres é a atração que lhes causa a figura do Capitão América, o personagem talvez mais virtuoso da Marvel. O Capitão América é tão virtuoso que, não sendo o mais forte nem o mais inteligente dos Avangers, é, no entanto, o seu líder natural. Dir-se-ia que é o mais “alfa” do grupo, justamente por ter tão grande equilíbrio e força interior. O Capitão América é psicologicamente sólido como uma montanha, e isso leva qualquer mulher a querer se apoiar nele.
As mulheres se sentem atraídas por homens emocionalmente mais estáveis porque elas são emocionalmente mais instáveis. Como diz Nessahan Alita: Se dão bem apenas com homens que ignoram suas flutuações de humor e seguem seu ritmo. Sobre a inconstância da mulher, também Camões a expressou neste belo terceto:
Nunca ponha ninguém sua esperança
Em peito feminil, que de natura
Somente em ser mudável tem firmeza.
Outro paralelo que podemos fazer entre os sexos é o seguinte: se o homem adora a clareza e a objetividade, a mulher, por sua vez, ama o subentendido e o ambíguo. O homem é um ser de meios diretos; a mulher é um ser de meios indiretos. Não é que a mulher não entenda o que foi dito por seu interlocutor: é que ela foca naquilo que ela acha que o interlocutor quis dizer. A comunicação das mulheres atua no campo das entrelinhas. Ela adora ser ambígua porque odeia responsabilidade. Assim, quando ela diz ou faz algo ambíguo, toda a responsabilidade recai sobre quem a interpretou, assumindo um dos significados que se poderiam inferir do que ela disse ou fez. Depois, se lhe convier, ela apenas dirá, com afetada surpresa, que quis dizer outra coisa.
A prolação da verdade nua e crua, embora muitas vezes a mulher a conheça melhor que o homem, a faz afetar uma reação de repúdio, como quando o homem lhe demonstra clara e diretamente o seu interesse sexual. Por isso, mesmo que estejam loucas de tesão, elas em geral preferem que o sujeito as chame para “ver Netflix” ou “tomar alguma coisa” ou até “me ver” a que as chame logo para fazer um sexo gostoso, muito embora essa intenção esteja claríssima na cabeça de ambos. Falou Nietzsche:
Entre mulheres — “A verdade? Oh, não conheces a verdade! Não é ela um atentado contra nosso pudor?”[7]
Já em Além do Bem e do Mal, diz o filósofo amargamente: Nada desde as origens é mais estranho, mais antipático, mais odioso para a mulher que a verdade. Sua grande arte é a mentira, seu negócio mais proeminente é a aparência e a beleza.
Sobre essa característica de se sentirem mais confortáveis no campo do subtexto, diz Nessahan Alita que elas: Preferem aqueles que se aproximam fingindo não ter interesse. As mulheres sabem e entendem tudo, mas preferem fazer o jogo das aparências. Elas são ambíguas e indiretas querendo que você as entenda, mas, quando você as interpreta e toma uma atitude, elas se eximem de toda a responsabilidade, pois foi você que agiu e as entendeu como quis. Um sorriso pode ser um mero sorriso por educação ou um flerte; um toque pode ser intencional ou fortuito; um “talvez” pode ser um “sim”. Ela dificilmente revelará suas intenções. Apenas mulheres muito bem resolvidas é que conseguem admitir suas intenções verdadeiras, dizendo “Eu quis realmente dar para ele” ou “Eu fiz isso para chamar a atenção mesmo”, etc.
Quando uma mulher conversa com um homem no qual está interessada, é comum ela falar sobre ela mesma, expondo seus gostos, suas preferências, sua história e até algumas características que podem ser tidas como defeitos. A mulher o faz assumindo um ar completamente despretensioso, como se estivesse falando a um amigo. Na verdade, porém, ao fazer isso, ela está como que dando ao sujeito o seu próprio manual de instruções. Está falando de si para mostrar quem ela é para ele, a fim de que ele possa querê-la ou não. Contudo, se o sujeito sair do campo do subentendido e for claro e direto, ela recua imediatamente como se fosse um absurdo ele estar achando que aquilo era uma corte recíproca. Geralmente, pelo que pude perceber, o homem também faz isso, só que de maneira muito mais inconsciente do que a mulher. Darei um exemplo de cada.
A mulher diz: “Eu sou muito caseira”, com o que quer dizer: “Eu sou certinha e pouco rodada”. E o homem diz: “Ano passado eu passei o Carnaval em Porto Seguro, e este ano vou passar em Salvador”, com o que quer dizer: “Tenho grana e gosto de viajar”.
Elas, outrossim, adoram homens ambiciosos ou que “querem alguma coisa da vida”, ainda que não sejam ricos. O problema central não é não ser rico, para a maioria das mulheres (pois elas sabem que seria difícil achar um homem desse nível), mas não ter um grau de ambição que o faça querer evoluir e caminhar. Elas querem um homem que busque alcançar algo, materialmente. É interessante observar, no entanto, que em geral não ficam satisfeitas.
Não raro se observa que o grau de exigência e o número de demandas aumentam com o passar do tempo. Talvez seja da natureza da mulher nunca estar satisfeita. Daí a tão costumeira associação entre casamento e perda de liberdade. Em sua Epístola Familiar VIII, António de Guevara, erudito espanhol do século XVI, menciona o que disse o filósofo Mirto ao ser perguntado sobre por que não se casava: “Porque”, respondeu ele, “a mulher que tenho de tomar se é boa, tenho de perdê-la; se é má, de suportá-la; se é pobre, de mantê-la; se é rica, de sofrê-la; se feia, de aborrecê-la, e se formosa, de guardá-la; e, o pior de tudo é que dou para sempre minha liberdade a quem jamais me há de agradecer”. Mais adiante na carta, António de Guevara diz que mais vale ser escravo de um homem bom que marido de uma mulher desequilibrada.
Não é meu objetivo me alongar neste tópico, porque creio seja melhor recomendar ao leitor os três livros que podem iluminá-lo acerca do lado sombrio das mulheres. O primeiro que eu recomendaria é o já citado Como Lidar com as Mulheres, de Nessahan Alita. Depois, julgo que seria interessante ler o Pornocracia, ou as mulheres nos tempos modernos, de Pierre-Joseph Proudhon. Nesta obra, Proudhon responde a argumentos de feministas de sua época, condenando a chamada emancipação feminina e levantando considerações sobre a natureza da mulher e a importância do matrimônio. Ele é um ferrenho defensor do casamento e da monogamia. Em seu discurso, é de se notar que ele põe em paralelo as características masculinas e femininas e mostra como o homem e a mulher são complementares um ao outro.
Por fim, eu recomendaria a leitura de O Homem Domado, de Esther Vilar, uma autora argentina feminista. Dentre todos os livros e autores que citei aqui e todos os que eu li até hoje, esse livro é de longe o mais impactante sobre a natureza feminina. É impossível lê-lo e continuar tendo fantasias infantis sobre as mulheres. O impacto que ele me causou se deveu em maior parte ao fato de ter sido escrito por uma mulher. Ver homens dizendo que mulheres são isso e fazem aquilo não impressiona tanto quanto ver uma mulher dizendo-o e chamando-nos todos de trouxas enquanto o faz.
As mulheres deixam os homens trabalhar por elas, por elas pensar e tomar as responsabilidades. As mulheres exploram os homens. Mas os homens são fortes, inteligentes, imaginativos. As mulheres, fracas, estúpidas e sem imaginação. Então, por que motivo são os homens explorados pelas mulheres e não o contrário?
Esther Vilar foi ameaçada de morte quando publicou essa obra, pois ela parecia ter desmascarado todo o universo feminino. No livro, Vilar pretende denunciar que desde sempre as mulheres é que dominaram e exploraram os homens, utilizando para isso estratagemas tão ardilosos que fazem o homem se sentir no comando:
E se assim é, como é que as mulheres conseguem que as suas vítimas não se sintam enganadas e humilhadas e se julguem, antes pelo contrário, como grandes senhores que é o que são menos? Como é que as mulheres dão aos homens essa sensação de felicidade, ao trabalhar para elas, essa consciência de orgulho e de superioridade que sempre os estimulam à prestação de serviços cada vez maiores?
Para Esther Vilar, o homem médio é vítima de um sistema que o explora e o faz, apesar disso, sentir-se um verdadeiro herói.
Seja o que for que o homem faça quando trabalha – quer tabele números, cure doentes, conduza um ônibus ou dirija uma firma – a todo o momento é parte de um sistema gigantesco e desapiedado estabelecido única e exclusivamente para a sua máxima exploração e fica entregue a esse sistema até o fim de sua vida.
Em um dos capítulos do livro, Vilar traz o que ela chama de “texto decifrado” dos “códigos” que as mulheres usam. Veja alguns dos exemplos que ela nos oferece:
Código: Tenho que poder levantar os olhos para um homem.
Texto decifrado: Para que um homem me possa interessar, tem que ser mais inteligente, mais consciente das responsabilidades, mais corajoso, mais forte, mais aplicado do que eu – se não fosse assim que havia eu de fazer com ele?
Código: Desistiria imediatamente do emprego se o meu marido o exigisse.
Texto decifrado: Logo que ele tenha dinheiro suficiente nunca mais trabalharei.
Código: Nada mais desejo que vê-lo feliz.
Texto decifrado: Farei os maiores esforços para que ele nunca repare como eu o exploro.
Código: Quero tirar-lhe todas as pequenas preocupações.
Texto decifrado: Farei tudo o que estiver ao meu alcance para que nada o impeça de trabalhar.
Código: Quero existir somente para ele.
Texto decifrado: Nenhum outro homem terá autorização de trabalhar para mim.
Código: Passarei a viver só para a minha família.
Texto decifrado: Nunca mais farei nada na vida. Ele que se esforce!
Código: Não concordo com a emancipação feminina.
Texto decifrado: Não sou louca, é preferível fazer com que um homem trabalhe para mim.
Essa é a visão de Esther Vilar, não a minha. É importante saber que, no mundo, nem tudo são flores e que a maioria das mulheres, assim como a maioria dos homens, neste planeta, não são seres de luz.
Para ser sincero, a leitura de Vilar foi uma bomba para mim, mas somente depois dela é que eu passei a amar verdadeiramente as mulheres. Tendo-as finalmente conhecido e enxergado para além de minha própria fantasia, fiz uma síntese do que elas tinham de bom e de ruim e lhes entreguei meu coração sabendo com o que eu estava lidando.[8]
Contudo, mesmo assim, eu não acredito que todas as mulheres sejam tão fúteis, manipuladoras e frias quanto alguns autores acreditam. Ironicamente, eu, que estou aqui lhe dizendo isso (tudo bem que para acordá-lo do seu sono dogmático), sempre atraí mulheres sinceras e relativamente equilibradas. Consigo detectar de longe aquele tipo de mulher da qual Esther Vilar fala e as evito. Para dizer a verdade, com esse tipo de mulher eu nem sequer sinto vontade de conversar, quanto mais de chamar para sair. E conheço mulheres simples, que não ligam tanto para a aparência nem tanto para dinheiro, que sabem conversar sobre assuntos mais profundos e com as quais é possível ter um papo sincero sem joguinhos de manipulação.
Existem mulheres boas, assim como existem homens bons. O negócio é que os homens ligam tanto para a aparência que se deixam encantar pela forma enquanto o conteúdo é vazio ou até monstruoso. Eles querem uma mulher boa mas não se esforçam por serem homens bons em primeiro lugar. Tenha certeza de que você atrai exatamente a parceira que merece. Se você atraiu uma mulher louca, por certo há algo mal ajustado dentro de você. Se você só atrai mulheres interesseiras, talvez você seja tão fútil e materialista quanto elas. É a lei da atração dos semelhantes.
Eu particularmente pareço repelir mulheres fúteis. Embora eu tenha boa aparência e chame um pouco a atenção, elas nunca vêm até mim, nem indiretamente – talvez porque percebam logo que não obterão maior status ficando comigo. Só me vejo conversando com mulheres mais simples e inteligentes. O que eu teria para dizer a uma mulher fútil e estúpida ou ela a mim? Sinceramente, eu não quero nenhuma relação com esse tipo de mulher.
Vejo homens reclamando de mulheres interesseiras, mas todos eles são igualmente interesseiros. Enquanto elas desejam o dinheiro deles, eles desejam usar e exibir os corpos delas. Se um homem se deixa levar por desejos tão baixos como o desejo por status, e se é tão fútil que se atrai por mulheres sem conteúdo, então o seu destino é mesmo se envolver com a escória da humanidade e ver seu patrimônio ser usurpado por uma psicopata.
Extraído do livro O Anticafa: Como ser amado pelas mulheres.
[1] Diz Nessahan: [As mulheres] São emocionalmente muito mais fortes do que os homens. [2] Trecho do artigo “A Mente Feminina”, tirado de O Livro dos Insultos, de H. L. Mencken, Companhia das Letras. [3] Casanova: A vida de um gênio sedutor, Laurence Bergreen, Objetiva. [4] Nessahan Alita. [5] Nietzsche, em Além do Bem e do Mal. [6] Walter Block, “Sobre a diferença salarial entre homens e mulheres”. [7] Crepúsculo dos Ídolos. [8] Outro material que recomendo para esse propósito é o excelente vídeo “Indulgência e o Amor Cortês”, de Kodama.
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