Na minha adolescência, quando comecei a me interessar por assuntos de monta e, movido por esse interesse, comecei a procurar interlocutores para tais assuntos, não encontrei entre eles nenhuma mulher. A coisa mais rara que existe é uma mulher intelectual – e, se houver alguma mulher lendo isto, quero dizer-lhe que comigo estão todos os filósofos e poetas da história da humanidade. Desde Sócrates a Bertrand Russell, passando por Erasmo, Schopenhauer, Goethe e Nietzsche, todos os homens de letras consideraram as mulheres inferiores ao homem do ponto de vista intelectual. Isso não é nenhuma novidade e não há por que se ofender por isso, já que o homem também é inferior à mulher do ponto de vista emocional.
Não achei entre as mulheres nenhuma que eu pudesse chamar de intelectual, exceto algumas mais ou menos cultas que inclusive se gabavam sobremaneira disso, mas que não passavam de meras decoradoras de livros. Se algum homem algum dia disser que viu uma Marie Curie por aí, suspeite de sua honestidade: ele está apenas querendo transar. E para transar você não pode admitir publicamente essa verdade óbvia. Quando você vai a um boteco pé sujo, mesmo ali você encontra homens conversando sobre assuntos de importância universal, como política, religião e filosofia, ainda que de maneira bruta e ignara, mas entre mulheres esses assuntos jamais chegam à baila, dando elas atenção apenas a questões estéticas e relacionais.
O que é preciso que se entenda é que não há nada de errado nisso. Trata-se de uma questão de origem evolutiva, onde cada sexo teve de aprimorar uma parte de suas faculdades naturais. Assim, do mesmo modo que a mulher não tem talento para o labor intelectual, com raríssimas e capengas exceções, o homem possui uma inteligência emocional pífia se comparado à mulher. Como Schopenhauer e Nessahan Alita reconheceram, a mulher é emocionalmente muito mais forte que o homem. Ela compreende coisas na esfera das relações pessoais que passam ao largo da percepção masculina, e isso de forma tão brutal, que toda mulher intimamente considera os homens uns idiotas. E nesse quesito elas estão certas.
As companheiros do homem, mesmo que mostrem respeito por seus méritos ou autoridade, sempre o veem secretamente como um jumento, e com uma sensação próxima da piedade. O que ele diz ou faz, por mais brilhante, raramente as engana; elas veem o homem como ele é por dentro e o consideram um sujeito oco e patético. [H. L. Mencken, em A Arte do Insulto]
Ainda assim, homens sensíveis e delicados, que captam as sutilezas do mundo das relações interpessoais, conheço alguns, mas mulher intelectual nunca vi. Vi algumas que considero inteligentes, sábias e cultas, mulheres capazes de levar qualquer homem ao topo do sucesso ou às valas da ruína, mas nenhuma genuinamente intelectual. E não adianta falar que aquela sua amiga da faculdade ou aquela autora renomada e competente são exemplos em contrário. Se você as cita como exemplos, provavelmente você não sabe discernir cultura e inteligência de vigor intelectual. As mulheres são extremamente inteligentes e competentes nas várias atividades que realizam, sendo inclusive, em geral, melhores funcionárias que os homens. Mas isso não muda os fatos, apenas os tornam mais complexos.
As cabeças mais eminentes de todo o sexo feminino nunca conseguiram produzir uma obra realmente grande, genuína e original nas belas artes, nem conseguiram colocar no mundo nenhuma obra de valor permanente. [...] Exceções particulares e parciais não mudam os fatos. [Arthur Schopenhauer, em A Arte de Insultar]
Dado isso, eu vou dizer algo que todo homem sabe mas não tem coragem de admitir: os homens não admiram as mulheres. Dos operários aos megaempresários, dos cachaceiros aos grandes eruditos, nenhum deles admira as mulheres como admira outros homens. Homens admiram homens. E as mulheres também admiram os homens, embora gostem demais de fazer parecer que poderiam viver muito bem sem eles. Isso tudo é uma mentira deslavada, uma hipocrisia suprema que usam para fazerem parecer que estão por cima (e realmente estão, porque jogam com a psicologia e com as necessidades emocionais dos homens, no que laboram com maestria).
Isso é verdade, mas existe um ponto compensatório muito grande. Apesar de os homens não admirarem as mulheres, eles as veneram, idolatram. Para o homem, a mulher é tudo. É o sentido da vida, é a razão de viver, de trabalhar, de ir à academia, de tornar-se alguém, de abrir uma empresa, de ganhar dinheiro, de tudo. Nenhum homem venera outro homem. Porque eles se veem como iguais, como substituíveis. Já em relação à mulher, o homem a venera como a uma deusa. Peitos, bundas, a boceta, tudo isso atrai o homem de tal maneira que ele daria tudo por isso, até mesmo a própria vida. Uma mulher nua não é só uma mulher nua: é o contato mais próximo que existe da terra com o céu. Tocar uma mulher não é só tocar uma carne, e sim o divino. A mulher é o divino, o sagrado e o eterno em forma de carne. E quando um homem olha para isso ele se curva, e todo o seu ser exalta aquela criatura maravilhosa.
Ele não faz isso em relação a outro homem. Cada homem é vulgar, é simples. A mulher é o ser em torno do qual tudo acontece e deve acontecer. Toda a vida do homem converge para aquela única direção: a boceta. E não só isso: o homem quer também o amor, o afeto e a atenção femininos, não lhe sendo o bastante a saciedade física. Além disso, a mesma adoração não existe da mulher em relação ao homem. Apenas o homem tem essa capacidade de idealização que o leva a um romantismo estúpido. A mulher, embora possa se apaixonar, jamais seria tão tola a ponto de divinizar qualquer homem que seja. E quando, em raríssimas ocasiões, isso acontece, todas as outras a reputam como uma doida.
Recentemente eu fiz sexo com uma mulher cujo corpo era tão lindo a meu ver que, quando ela entrou nua no quarto, eu assumi uma postura interna de adoração. Transar com ela era quase que um ato religioso. Não somente o apreciar de curvas femíneas, mas a consagração de algo sagrado que aquele corpo representa. Seus seios eram tão belos que eu pensei, quando os vi, que eram aqueles seios que Deus imaginara quando criou a primeira fêmea.
Uma tal postura de idolatria e adoração eu jamais tive e jamais terei em relação a um homem. Sinto um desejo imenso de abraçar Vivaldi – até me emociono quando penso nisso –, gostaria de tomar um café com Machado de Assis, discutir sobre música com Beethoven, e amo o Michael Jackson, mas nenhum homem neste planeta ou em outra dimensão é capaz de me causar a mesma idolatria que praticamente qualquer mulher mais ou menos bela pode me causar, e até algumas feias.
E devo dizer ao amigo leitor que discordo de ambas as posturas: tanto a de não admirar as mulheres quanto a de colocá-las em um pedestal.
As mulheres são admiráveis em suas virtudes. Eu admiro várias mulheres, embora não intelectualmente. Admiro sua força, sua coragem, sua sabedoria, sua sensibilidade e muito mais coisas. E que fique claro isto: a postura de não admirar as mulheres denota apenas uma bruteza de espírito. Homens minimamente sensíveis conseguem enxergar a enorme grandeza espiritual que há em algumas mulheres, e a ladina esperteza que há em outras.
Mas nada disso justifica colocá-las em um patamar de superioridade moral, como fazem alguns sujeitos acometidos de síndrome do cavaleiro branco. A mulher é tão baixa e tão elevada quanto o homem, nos vícios e nas virtudes. Tudo bem que mais acima eu estava me referindo a uma idolatria que acontece na hora do sexo, e disso creio que não quero abrir mão, pois amo tudo que é belo e natural. Porém, coisa engraçada: na hora do sexo os homens em geral não costumam idolatrar as mulheres! Costumam, sim, ser bitolados e egoístas, perdendo o espetáculo que acontece diante de seus olhos. No entanto eles as idolatram de outras formas, como ao viver em função delas, ou melhor, do prazer que elas lhes podem proporcionar. É uma escravidão em forma de amor.
Eu amo as mulheres em toda a sua integralidade. Não amo só o prazer que elas podem me proporcionar. Amo também sua mentalidade e seu ponto de vista sobre as coisas, e tanto que atualmente no meu WhatsApp eu converso mais com mulheres que com homens. Meus diálogos com elas tendem a se desenvolver mais e ser emocionalmente muito mais profundos, não estacando em um mísero “pode crer”. Entretanto, esse amor não me torna cego para o seu lado negativo e obscuro, the dark side of the moon, contra o qual os homens precisam aprender a se acautelar.
É preciso que findemos essa guerrinha sem sentido entre os sexos. Os homens não podem viver sem as mulheres, nem as mulheres sem os homens. E cada sexo, com seus dons específicos, tem uma importância fundamental na sociedade.
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